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Brasil, o País Mais Ansioso do Mundo: O Que a Ciência Revela Sobre a Epidemiade 2024

Este conteúdo foi desenvolvido em parceria entre Axom e Dra. Ana Beatriz Barbosa,
combinando ciência de ponta com informação acessível para promover saúde
cerebral baseada em evidências.

Imagine que em 2024, mais de 440 mil brasileiros precisaram se afastar do trabalho por
transtornos mentais o dobro do registrado há apenas dez anos. Desses afastamentos,
141 mil foram exclusivamente por ansiedade, um aumento impressionante de 400% desde 2014. Esses dados do Ministério da Previdência Social, divulgados em março de 2025, revelam uma crise silenciosa que se tornou impossível de ignorar: o Brasil não é apenas um país ansioso, é o mais ansioso do mundo.

Em 2024, pela primeira vez na história, a palavra “ansiedade” foi eleita como a mais representativa do ano pelos brasileiros, segundo pesquisa do Instituto IDEIA em parceria com a CAUSE. A escolha não foi por acaso. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 9,3% da população brasileira convive com transtornos de ansiedade a maior prevalência global. Mas o que está por trás desses números alarmantes? E o que a ciência mais recente tem a nos dizer sobre como enfrentar essa realidade?

    Os Números Que Ninguém Quer Ver

    Os dados sobre saúde mental no Brasil pintam um quadro que exige atenção urgente. Uma
    pesquisa realizada pelo Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, divulgada em junho
    de 2024, revelou que 68% dos brasileiros relatam sentir nervosismo, ansiedade e tensão de
    forma recorrente. Ainda mais preocupante: 55,8% dessas pessoas nunca procuraram ajuda
    profissional.

    Entre os jovens, a situação é ainda mais grave. Pesquisas internacionais publicadas em
    2024 mostram que 34% dos brasileiros se consideram angustiados, com destaque para
    pessoas com menos de 35 anos. O relatório World Mental Health Day 2024 da Ipsos
    confirmou que 54% dos brasileiros consideram a saúde mental o principal problema de
    saúde do país um salto significativo em relação aos 18% registrados em 2018.

    As internações por ansiedade também dispararam. Dados do Instituto de Estudos de Saúde
    Suplementar mostram que, entre 2018 e 2022, as internações relacionadas ao código CID
    F411 (ansiedade generalizada) mais que dobraram, saltando de 794 para 2.100 eventos
    anuais.

    Por Que o Brasil Lidera Este Ranking Preocupante

    Mas afinal, o que torna o Brasil um terreno tão fértil para a ansiedade? Pesquisadores
    brasileiros identificaram múltiplos fatores que se entrelaçam de forma única em nosso
    contexto social.

    Segundo dados do relatório Health Service Report 2024, a percepção crítica sobre saúde
    mental ganhou força exponencial após a pandemia: 40% em 2021, 49% em 2022, 52% em
    2023, e o recorde de 54% em 2024. Para o professor Antonio Virgílio Bittencourt Bastos, da
    Universidade Federal da Bahia e membro do Conselho Federal de Psicologia, o país vive as
    sequelas de uma “ruptura profunda” causada pela pandemia de COVID-19, somada a um
    contexto global de mudanças aceleradas.

    Estudos recentes apontam fatores específicos do cenário brasileiro:

    Insegurança e violência: O clima de constante alerta e medo afeta significativamente o
    sistema nervoso, mantendo-o em estado de hipervigilância.

    Desigualdade socioeconômica: Longas jornadas de trabalho com baixa remuneração
    criam um ciclo de estresse crônico que impacta diretamente a saúde mental.

    Uso excessivo de telas: O Brasil lidera rankings de tempo de exposição a telas, segundo
    levantamentos de 2024. A psicóloga Larissa Fonseca, especialista em crises ansiosas,
    explica que “estamos ‘escolhendo’ viver no digital e isso causa intolerância maior às
    incertezas, algo que acomete a mente de quem tem ansiedade”.

    Hiperestimulação constante: A sensação de estar sempre atrasado e a necessidade de
    responder prontamente a qualquer demanda geram desgaste mental significativo.

    O Que Seu Cérebro Faz Quando Você Está Ansioso

    Para entender a ansiedade, precisamos olhar para o cérebro. Pesquisas recentes em
    neurociência revelam que a ansiedade não é apenas um “estado mental” é uma resposta
    neurobiológica complexa que envolve diversas regiões cerebrais.

    Estudos brasileiros apresentados no Brain Congress 2025, congresso que reuniu mais de 5
    mil profissionais em fevereiro, destacaram os mecanismos neurobiológicos do medo e da
    ansiedade. O Professor Eurípedes Constantino Miguel, coordenador do Centro Integrado de
    Saúde Mental (CISM), apresentou descobertas sobre como a ansiedade se manifesta
    através de alterações nas conexões entre o córtex pré-frontal (responsável pelo
    planejamento e tomada de decisão) e a amígdala (centro do medo no cérebro).

    Quando essas conexões estão desreguladas, o cérebro interpreta situações cotidianas
    como ameaças reais, ativando constantemente o sistema de “luta ou fuga”. Isso explica por
    que pessoas com ansiedade experimentam sintomas físicos intensos: palpitações,
    sudorese, tensão muscular e dificuldade para respirar.

    Ansiedade Afeta Mais Que Suas Emoções

    A ansiedade não se limita ao desconforto psicológico. Pesquisas de 2024 demonstram
    impactos profundos em múltiplas áreas da vida:

    No trabalho: A OMS estima que depressão e ansiedade custam à economia global cerca
    de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade. No Brasil, os 440 mil afastamentos de
    2024 representam não apenas sofrimento individual, mas também um enorme impacto
    econômico e social.

    No sono: Dados do Datafolha de setembro de 2024 revelaram que 30% dos brasileiros
    adultos relatam dificuldades frequentes para dormir, criando um ciclo vicioso — a ansiedade
    prejudica o sono, e a privação de sono intensifica a ansiedade.

    Na cognição: Estudos de neurociência apresentados em 2024 mostram que a ansiedade
    crônica pode afetar memória, concentração e capacidade de tomada de decisão,
    prejudicando o desempenho acadêmico e profissional.

    Nas relações: A dificuldade de conexão emocional, citada pela psicóloga Larissa Fonseca,
    afeta a qualidade dos relacionamentos interpessoais.

    Sinais Que Seu Corpo Está Pedindo Ajuda

    É importante distinguir entre ansiedade normal (uma resposta adaptativa a desafios) e
    transtorno de ansiedade (quando a resposta é desproporcional e persistente). Pesquisas de
    2024 destacam alguns sinais de alerta:

    ● Preocupação excessiva e incontrolável na maior parte dos dias
    ● Dificuldade para relaxar ou sensação constante de estar “no limite”
    ● Irritabilidade frequente
    ● Tensão muscular persistente
    ● Problemas de sono (dificuldade para dormir ou permanecer dormindo)
    ● Fadiga constante
    ● Dificuldade de concentração ou sensação de “mente em branco”
    ● Sintomas físicos como palpitações, sudorese, tremores ou náuseas

    Se você identifica três ou mais desses sintomas por mais de seis meses, pode ser indicativo
    de Transtorno de Ansiedade Generalizada, segundo critérios diagnósticos atuais.

    Estratégias Baseadas em Evidências Para Reduzir a
    Ansiedade

    A boa notícia é que existem estratégias respaldadas por pesquisas científicas recentes que
    podem ajudar a gerenciar a ansiedade:

    1. Exercício Físico Regular: Estudos de 2024 sugerem que a atividade física pode ter
      efeitos comparáveis aos de alguns medicamentos psiquiátricos na redução de sintomas de
      ansiedade. A recomendação é de pelo menos 150 minutos de atividade moderada por
      semana.
    2. Gestão do Tempo de Tela: Pesquisas indicam que reduzir o tempo em redes sociais e
      priorizar interações presenciais pode diminuir significativamente os níveis de ansiedade,
      especialmente entre jovens.
    3. Técnicas de Mindfulness e Respiração: Evidências científicas demonstram que práticas
      de atenção plena podem ajudar a regular a resposta do sistema nervoso ao estresse,
      reduzindo a hiperativação da amígdala.
    4. Higiene do Sono: Manter horários regulares de sono, criar um ambiente adequado para
      descanso e evitar estimulantes antes de dormir são estratégias que estudos associam à
      redução de sintomas ansiosos.
    5. Conexões Sociais de Qualidade: Pesquisas de 2024 reforçam que relacionamentos
      significativos e redes de apoio social funcionam como fatores protetores contra transtornos
      de ansiedade.
    6. Limitação de Consumo de Conteúdos Estressantes: Escolher conscientemente o que
      assistir e ler pode reduzir a exposição a estímulos que intensificam a ansiedade.

    Quando Procurar Ajuda Profissional

    Apesar de 68% dos brasileiros relatarem sintomas de ansiedade, mais da metade nunca
    procurou ajuda especializada. É fundamental entender que buscar apoio profissional não é
    sinal de fraqueza é um passo essencial para o cuidado com a saúde.
    Considere procurar um profissional de saúde mental quando:

    ● Os sintomas de ansiedade interferem significativamente em suas atividades diárias
    ● Você experimenta crises de pânico (episódios súbitos de medo intenso)
    ● A ansiedade afeta seus relacionamentos, trabalho ou estudos
    ● Você recorre ao álcool ou outras substâncias para lidar com a ansiedade
    ● Os sintomas persistem por mais de seis meses
    ● Você tem pensamentos de autoagressão

    Psicólogos e psiquiatras podem oferecer diferentes abordagens terapêuticas baseadas em
    evidências, como terapia cognitivo-comportamental, que pesquisas demonstram ser
    altamente eficaz no tratamento de transtornos de ansiedade.

    Um Olhar Para o Futuro

    Os dados de 2024 e início de 2025 deixam claro: a ansiedade não é mais um problema
    individual, mas uma questão de saúde pública que exige atenção coletiva. A eleição de
    “ansiedade” como palavra do ano é um chamado para que governo, empresas, instituições
    de saúde e sociedade civil trabalhem juntos por mudanças estruturais.

    Pesquisadores brasileiros apresentados no Brain Congress 2025 estão investigando novas
    abordagens, incluindo o papel da inteligência artificial no diagnóstico precoce e
    personalização de tratamentos. Enquanto a ciência avança, cada pessoa pode tomar
    medidas baseadas em evidências para proteger sua saúde mental.

    Compreender a ansiedade é o primeiro passo para lidar com ela. Se os números de 2024
    nos ensinaram algo, é que não estamos sozinhos nessa jornada e que buscar ajuda é,
    acima de tudo, um ato de autocuidado e coragem.

    IMPORTANTE: Este conteúdo tem caráter educativo e informativo, baseado em evidências
    científicas atuais, e não substitui avaliação ou orientação médica profissional. Se você está
    enfrentando sintomas de ansiedade, procure um psicólogo, psiquiatra ou médico de sua
    confiança para uma avaliação individualizada. A ansiedade tem tratamento, e profissionais
    qualificados podem ajudá-lo a encontrar as melhores estratégias para seu caso específico.
    Em situações de crise ou emergência, ligue para o CVV (Centro de Valorização da
    Vida): 188 (disponível 24 horas).

    Referências:

    1. Ministério da Previdência Social (2025). Dados sobre afastamentos por
      transtornos mentais. Agência Brasil, março de 2025.
    2. Organização Mundial da Saúde (OMS). Atlas de Saúde Mental 2024 e Relatório
      “Saúde Mental Mundial Hoje”. Setembro de 2025.
    3. Instituto IDEIA/CAUSE (2024). Pesquisa “Palavra do Ano 2024”. Dezembro de
      2024.
    4. Instituto Cactus/AtlasIntel (2024). “Panorama da Saúde Mental”. Junho de 2024.
    5. Ipsos (2024). World Mental Health Day 2024 Report. Agosto de 2024.
    6. Instituto de Estudos de Saúde Suplementar – IESS (2024). “Janeiro Branco na
      Saúde Suplementar – Panorama da saúde mental entre beneficiários de planos de
      saúde”.
    7. Brain Congress 2025. Congresso de Cérebro, Comportamento e Emoções.
      Fevereiro de 2025.

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